Para uma organização de um museu local e, uma perfeita identificação do seu espólio, convém tomar em consideração 4 (quatro) regras museográficas bem claras e distintas, mas complementares:
- A recolha
- O registo
- A limpeza
- O tratamento dos materiais
Uma colecção que vai surgindo e não possua elementos exactos de identificação, pouca utilização poderá vir a ter do ponto de vista científico. Ela não será mais do que um amontoado desconexo de objectos sem qualquer valor museológico.
Um museu local, é um espaço onde a corporização da memória dos homens estará disponível através do seu património, ou seja, a sua base identificadora, o suporte jurídico, histórico e cultural do homem e, consequentemente o povo ou a comunidade a que pertence.
Património que é afinal igual a herança, que quer dizer posse ou transmissão de qualquer espécie de bens, quer sejam materiais ou morais, que pertençam a alguém, ou a alguma instituição ou colectividade. Um património que exige ser defendido e preservado, ou seja, se mantenha intacta a sua identidade cultural através da validação da mensagem dos homens no tempo e no espaço e da recriação de ambientes.
Para que a memória de uma comunidade permaneça incólume às mudanças que os vários intervenientes tentarão a todo o custo modificar, urge defendê-los. Se a preservação é uma metodologia, não o será menos a sua musealização.
A equipa museal deverá ter em consideração regras e procedimentos museográficos claros e concisos, de modo a que o museu local se identifique perfeitamente com o espólio da sua comunidade e se enquadre no espírito e na gramática patrimonial desse local. A musealização requer por isso acção, esforço, estudo, preparação e conhecimento sociológico dos públicos de modo a que a fruição da memória local seja a mais autêntica possível. Hoje com os novos suportes, dos quais destacamos as novas tecnologias, esse trabalho estará mais facilitado e, talvez por isso, se partilhe e aposte na recriação de ambientes que permitam um maior envolvimento dos públicos.
Infelizmente, não são estas as apostas que ultimamente se têm verificado no nosso espaço. Existem núcleos museológicos sem vida e que não vão fazendo sentido local! Noutros, há a inexistência deles. Sacavém, Seia e Loriga são apenas um referencial!...
Augusto Moura Brito
julho 2011