autoria, edição e produção de Augusto Moura Brito

17
Set 11

O texto de hoje está dividido em duas partes distintas. Na primeira é nossa intenção descrevermos o que é um cartaz e os seus elementos principais e na segunda analisar em concreto um cartaz localizado em Sacavém…

 

Parte I

 

O CARTAZ é um dos suportes mais interessantes do discurso scripto[1].

Os elementos principais de um cartaz são: o tema, a ilustração, o texto, a cor, o foco e o equilíbrio.

O tema, consiste basicamente na ideia chave que se quer transmitir.           

Um cartaz deve ter apenas uma ideia chave de modo a que a mensagem seja muito clara para o destinatário.

A ilustração, refere-se ao desenho que existe no espaço comunicacional abrangido pelo cartaz. Uma ilustração pode ser constituída por desenhos, gráficos, fotografias, inseridos directamente no cartaz ou através de montagens gráficas. As ilustrações devem ser simples, claras e sem qualquer ambiguidade.

O texto, no interior do cartaz deve complementar a ilustração, de modo a que a transmissão da mensagem pretendida se faça da forma mais eficaz possível. O texto no cartaz deve poder ser lido de forma fácil, sem esforço. O texto no cartaz deve ser escolhido tendo em conta o estilo, tamanho, espaçamento, corpo de letra, ênfase, fundo, direcção.

A cor é essencial na concepção de um cartaz. Num cartaz deve haver policromia, mas sem abusar dela. É tradicional associar as cores a predisposições psicológicas das pessoas que os visualizam.

O foco é um local (grafismo, letra, dimensão de um objecto, mancha de cor, etc.) para onde o espectador dirige o primeiro olhar. É o local que vai determinar a qualidade comunicacional do cartaz. É no foco que está o essencial da mensagem. Sem um bom foco não há um bom cartaz.

O equilíbrio, os elementos num cartaz devem conter um certo equilíbrio. Os elementos num cartaz devem posicionar-se de acordo com figuras conhecidas – triângulos, quadrados, etc., mas evitando layouts demasiadamente formais e monótonos. A disposição dos elementos não deve ser anárquica.

 

Parte II

 

Hoje, o cartaz em análise,

é aquele que está situado junto aos pilares da ponte Vasco da Gama na zona da Expo delimitando a freguesia de Sacavém.

Segundo a classificação da tabela de Abraham Moles (1969), existem cartazes com funções de: informação, propaganda ou de publicidade, educativos, ambiência, estéticos e de criação.

O cartaz em questão tem uma função informativa e, como tal, é factual em virtude de nos fornecer uma indicação precisa, como é a localidade de Sacavém.

A análise que fazemos insere-se num discurso que chamamos de scripto, ver nota no fim do texto, e orientar-se-á seguindo a gramática comunicacional cujos parâmetros destacamos a negrito.

 

Contexto

O cartaz enquadra-se numa informação dos limites da freguesia de Sacavém.

 

Contexto institucional

O cartaz promove a divulgação da freguesia a todos os que a visitam.

 

Situação

O cartaz é exibido no exterior (outdoor), numa estrutura assente no solo posicionada na vertical.

 

Emissor

Responsáveis autárquicos (Junta de Freguesia de Sacavém).

 

Receptor

Os receptores serão todas as pessoas que visitam/passam na freguesia.

 

Meio e Canal

Os meios representativos utilizados são o cartaz exterior (outdoor). O canal, a visão.

 

Mensagem e Código

A mensagem principal é o apelo ao património existente em Sacavém, representado pelas imagens que protagonizam o cartaz, sugerindo um apelo à visita da capela de Nª Sª da Saúde, à igreja de Nª Sª da Purificação (matriz de Sacavém) e ao sifão sobre o rio Trancão.

A inserção dos três elementos patrimoniais, um deles quase oculto, têm como função destacar e potenciar o equilíbrio do foco e criar estímulos aos visitantes activos.

Na composição da mensagem, além da capela e do sifão sobre o Trancão muito destacados em contraste com a igreja matriz, dá-se um enfoque exagerado à expressão Cidade.

 A entidade emissora está bem evidenciada através da colocação no layout, na nossa opinião desequilibrada, do símbolo heráldico da freguesia. Relevam-se também o interesse dos poderes públicos e religiosos, como veículos privilegiados de informação e de propaganda, manifestando uma progressiva acessibilidade e difusão dos visitantes da localidade, numa sociedade que valoriza a história local e regional. Para concluir pensamos que também transparece a ajuda, na criação de laços entre o emissor e o receptor, reduzindo o isolamento nas sociedades urbanas massificadas.

 

Ruído

O ruído é multiforme, aparentemente representado pela expressão – cidade -, contribuindo para uma dificuldade de descodificação rápida da mensagem e exigindo dos receptores um esforço redobrado na compreensão óbvia que devia ser o apelo à defesa, preservação e divulgação do património histórico de Sacavém.

A colocação dos textos Bem – Vindo e Cidade de Sacavém no cabeçalho e rodapé respectivamente, levanta alguns problemas de descodificação da mensagem informativa, contribuindo assim para algumas dificuldades de associação com as imagens em concreto.

 

Redundância

A redundância coexiste na expressão cidade e no símbolo heráldico da freguesia que, por si só, já a representa e personifica.

 

Em conclusão, podemos afirmar que o cartaz é realmente melhor do que o anterior colocado no mesmo sítio, onde se referia ser Sacavém uma referência a oriente. Porém, poder-se-ia omitir a palavra cidade, porque além de constituir uma redundância e um ruído em termos comunicacionais, não consideramos realmente estar numa cidade, porque nela pouca coisa vai acontecendo!…

Fiquemo-nos com o epíteto.

 

 Augusto Moura Brito

    setembro 2011

                             

 



[1] DISCURSO SCRIPTO caracteriza-se pela disposição dos dados em superfície (independentemente da superfície ou natureza do material em que se encontram), pelo seu carácter estático e permanente.

 

 

 

publicado por sacavem-actual às 14:17

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