autoria, edição e produção de Augusto Moura Brito

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Jul 12

Passavam alguns minutos das três da madrugada de uma noite chuvosa e muito cinzenta, quando subitamente acordei de um sonho estranho e macabro que doravante não desejava repetição….Parecia-me tudo confuso mas, afinal, era tão verosímil a um caso ocorrido na gestão da fábrica, aquela mesma que outrora fora um exemplo de boa gestão de sustentabilidade, mas que agora, entrava numa escalada de definhamento, como se estivesse a competir com a situação de crise vivida por todos nós e fosse mais uma consequência das medidas de austeridade tomadas por este (des)governo e da troika que nos foi imposta.

Afinal, qual era a estória desse sonho tão invulgar?

Era simples e podia ser (re)contada em poucas palavras…

Sonhei com o Antão Pampilho e alguns “relvinhas” atrevidos que dizem sim…sim…sim… a todas as medidas que se exigiram num período de renovação das caldas colocadas nas caldeiras, onde eram tingidas as tramas vindas da secção da tecelagem, depois de terem feito a sua passagem pelas cerzideiras afoitas que, durante horas a fio, labutaram sem descansar um minuto sequer.

Mas, era só isso?

Não! Não!...

O mais insólito eram a metodologia, os recursos e a qualidade e quantidade dos ingredientes entretanto adotados.

Mas, continuo sem compreender muito bem a invulgaridade e a estranheza dessa estória!...

Conta…conta amigo mais um pouco que estou curioso por saber mais!…

Então, vamos lá continuar…

A situação resumia-se numa solução encontrada pelo diretor e que consistia em misturar um ácido, do qual não me recordo o nome, com água quente e cinquenta quilos de sal oriundos de Rio Maior.

Mas, era esse o sentimento macabro do sonho?

Não!... Estranho eram os aditivos que se colocavam nas caldeiras sob a concordância cega dos “relvinhas” e sem que uma palavra fosse proferida para contrariar este absurdo.

Sim, …este absurdo!

Todos conhecem, sobretudo os operários mais velhos, que esta calda não iria obviar as falhas processuais diagnosticadas e, muito menos, criar novas condições de apresentação dos produtos que alternariam com os níveis de envolvência e motivação desejados, para fazer frente aos mercados concorrenciais que, entretanto se foram constituindo como alternativa e, se apresentavam modernos na adoção dos novos processos e recursos emergentes. 

Dizia-se que tudo era diferente na concorrência, sobretudo os parâmetros de equidade que se prefiguraram desde o início entre todos os autores e interpretes. A aprendizagem e a formação da comunidade laboral, era focalizada em todo o processo produtivo e centrada no produto final – os resultados – e na lealdade e num são convívio que se refletia no dia a dia entre todos. Eram todos ouvidos e a qualidade das mensagens era tal, que as substituições que ocasionalmente se materializavam, não eram percetíveis ou sequer notadas, pois tudo era tão inteligível que apetecia mesmo trabalhar.

O absurdo do sonho era ainda maior, pois quando comparava os métodos e os recursos disponíveis das fábricas de Loriga com estes agora mais modernos e repletos de tecnologias, a sua produção era de melhor qualidade.

Afinal, eram os operários e a gestão que faziam a diferença. Não havia “relvinhas” nesse tempo, tão pouco eram tolerados. Quem desejava obter uma qualificação superior, o trabalho era a solução!...

Augusto Moura Brito

     julho 2012

publicado por sacavem-actual às 14:38

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