Parece-nos que o verbo destruir, terminologia que afinal significa; demolir, arrasar; aniquilar, é demasiado familiar e costumeira em Loriga, julgando mesmo que tudo o que é antigo e, quiçá, caraterizador de vivências de uma comunidade que durante anos conviveu com estas ferramentas de cozer o pão ou, em outras circunstâncias, fabricou bolos e outros derivados, é para banir da memória coletiva, porventura de uma história local e regional que se deveria afirmar como uma competência diferenciadora da etnologia serrana.
Ainda hoje, muita gente tem na sua MLD (memória de longa duração) rececionadas expressões como: “...oh! António. Oh! Carlos, traz cá mais lenha"; “... Urbana! A minha tem um belisco";“...a minha tem dois beliscos";“...a minha tem um buraco";“...a minha tem dois buracos"; “... a minha três"; “... a minha tem uma caruma”; afinal, uma comunicação que sempre primou pela ingenuidade e humildade, mas que hoje nos ajuda a compreender e a definir um povo e uma região como uma comunidade muito sui generis e singular no panorama historiográfico nacional.
Estamos conscientes de que as questões patrimoniais, são em alguns casos, consideradas empecilhos e inimigas da inovação e da modernidade hodierna. Não é decerto esta em concreto, uma situação e um caso onde a especulação imobiliária estivesse patente. Aqui, peço imensas desculpas, o que esta situação evidenciou, foi um misto de ignorância, incompetência, falta de sensibilidade ou mesmo incapacidade para cumprir um binómio – construir na senda da preservação e da defesa do património.
Matar sem piedade e sem pensar que o prejuízo, o receio e o medo, jamais incomodará aqueles cujas responsabilidades são hoje muitas, é um paradigma que queremos e pretendemos ver caducado e definitivamente arredado da política dos nossos autarcas. Urge alterar os nossos comportamentos e, defendamos com intransigência, novos valores e novas competências em favor da qualidade e da sustentabilidade das nossas terras e das nossas gentes.
Unir esforços e remar em direção a objetivos bem determinados e focalizados sempre, mas sempre, nas valências que Loriga detém e que todo o turismo reivindica é, certamente o lema que os desígnios da sustentabilidade exigem e obrigam a estarmos TODOS UNIDOS e juntos na eternização dos valores dos nossos antepassados.
Loriga quer...nós vamos apoiar!
Augusto Moura Brito
29 Setembro 2012