Porque razão alguns prosadores, sob uma capa de doutos esclarecidos, continuam a colocar em prosa, um conjunto de afirmações erróneas que a história ciência despreza e critica com veemência, muitas vezes resultantes de conclusões precipitadas, sem um suporte científico suficientemente documentado e desprovidas de rigor, isenção e comprovação?
A todos esses pedimos o favor de pararem e pedir-lhes o especial favor de solicitarem pareceres científicos sobre tais afirmações e, só depois, as colocarem em sites oficiais.
Ficar indiferente a tudo isto e, não contribuir para o esclarecimento histórico, parece-nos errado. Mais nos assemelharíamos a um colaborador da mentira e negarmos causas e valores históricos que vimos defendendo há muitos anos.
Toda e qualquer síntese histórica requer uma metodologia onde o historiador diretamente proceda por meio de raciocínio e tente concluir dos vestígios para os factos. O documento é inequivocamente o ponto de partida. Com a metodologia positivista assente na heurística (pesquisa) e na hermenêutica (análise critica) o historiador afasta-se da visão de patriotismo e de romantismo da história eliminando o lendário. É a vitória da verdade sobre as “tradições mentirosas”.
A história deve ser problemática e não automática, ser uma ciência dos homens no tempo e mover-se numa permanente e constante interação entre passado e presente. O historiador deve ser um interveniente ativo na construção do presente de modo a responder aos problemas da atualidade, em conclusão: um investigador e cidadão comprometido.
É perante este compromisso que reafirmo a minha intolerância e o meu afastamento pelo conteúdo do texto agora publicado no site da Junta de Freguesia de Loriga, concluindo:
- Não existir nenhuma ponte romana, mas sim o local onde provavelmente deveria ter havido uma, em virtude de ainda hoje serem visíveis os vestígios de uma via romana. Para corroborar esta nossa tese, ver a memória de 1758 onde é referido o número de pontes e as suas caraterísticas. Apenas é referida uma ponte de "cantaria" nesse local!...
- Nunca foi encontrado nenhum vestígio romano onde surgisse a terminologia de lorica. Se existe, publique-se.
- Vestigios romanos, só foram encontrados no denominado “Chão do soito”. Aí encontrámos fragmentos de cetárias, opus signinum, opus incertum, fragmentos de cerâmica comum, imbrices e tegulas, etc.).
- Foral de 1136 (onde está?). O que existem são documentos – inquirições, cartas de doação e confirmações – e que temos registos (fotos) obtidos na Torre do Tombo e do período que vai de 1211 a 1500.
- Foral! Só conhecemos um, o datado de 1514. Se há outro, publique-se!
A verdade e só a verdade.
Os loriguenses merecem.
Augusto Moura Brito
13 setembro 2012