autoria, edição e produção de Augusto Moura Brito

10
Mar 13

 Na degradação com sentimentos!..

 

Quando há uns tempos pude ter a oportunidade de observar este registo, não poderia deixar de imaginar quão maravilhosa foi a infância de muitos meninos e muitas meninas quando viam sair e entrar destas fábricas, gentes - pais, irmãos e demais familiares - que muito bem conheciam e que labutavam diariamente em horário normal ou em turnos para ganharem um salário que apoiaria as suas mães nas despesas e, contribuiria para que em cada casa as crianças pudessem brincar, pular, sorrir, ter pão para comer e alguma alegria para partilhar! Este percurso de muitas correrias – casa, fábrica e terreno[1] ou fábrica, terreno e casa – outrora verificado e calcorreado por muitos como uma rotina diária, é hoje em Loriga uma miragem ou, então,  registado ocasionalmente!

As famílias numerosas que existiam, só no meu ano – 1955 - foram mais de cem, entre raparigas e rapazes, para além de serem o resultado da inexistência de políticas de planeamento familiar, era também uma consequência da trilogia do regime – Deus, Pátria e Família – da iliteracia abundante, do fervor religioso circunstancial mas, também, do amor que se nutria pelas muitas crianças nascidas! Aqui e acolá, lá estavam os familiares, normalmente as avós e a D. Constança para ajudar a vi-los ao mundo …este era o maravilhoso universo da minha infância…

Contrariando estas vivências costumeiras locais e regionais, não deixamos - de repetição em repetição - de reafirmar!…

Hoje, não gostamos de ver, muito menos contemplar, esta tão vil degradação! O nosso património e a nossa memória industrial estão a definhar. Espaços que deram pão, suor, lágrimas, alegria, satisfação e, quiçá, muito amor familiar, encontram-se adormecidos e à espera da morte ...se não chegou já e agora seja irreversível! Os desafios lançados aos senhores presidentes - da câmara e da junta - são muitos e clamorosos para aproveitarmos estes imóveis, que têm um passado que importa reavivar, revitalizar e reaproveitar, em campus de novas interpretações e desígnios.

A lucidez como clamamos este desiderato é a mesma como defendemos a necessidade de novas inteligências motivacionais e emocionais que orientem novas fórmulas de um novo paradigma que Loriga e os loriguenses exigem e merecem. A musealização será uma via, não obstante outras alternativas se afigurem também sustentáveis. Nos dias que correm até a Microsoft deu uma ajuda ao produto – burel – dando-lhe uma nova utilização. Vamos que o tempo é curto e de pequena duração... dar uma nova vida a estes espaços que, quando reutilizados, criam alma e vida a uma terra que nos viu nascer e crescer.

 

             Augusto Moura Brito

                     março 2013



[1] Pedaço de terra cultivada.

publicado por sacavem-actual às 12:05

09
Mar 13

 

O PS e a Junta de Freguesia de Sacavém, ao emitirem os dois comunicados acerca da sua posição sobre o Plano de Pormenor do antigo quartel, pretendem, ainda não sabemos os porquês, desresponsabilizarem-se de um posicionamento assumido por alguns elementos do PS de Sacavém instalados no poder na câmara de Loures há 12 anos ou, apontar no escuro da confusão e, designarem-se como os arautos da defesa da urbanidade e bem-estar da comunidade de Sacavém que não estão contemplados neste projeto de urbanismo.

Afinal o que existe de concreto e de verdadeiro neste diferendo?...

Não será porventura a apologia da duradoura zanga das comadres que vem agora ao desafio evocar das suas razões de justiça ou, fazer jus a eventuais questiúnculas surgidas nas últimas eleições autárquicas e ainda não completamente saradas ou, porventura, será por dificuldades nas próximas?

Quem leu o comunicado… fica certamente equivocado com a matéria sobre a classificação de imóveis! Todos os executivos, quer sejam de freguesia quer sejam de câmara, são culpados por não atenderem alertas, vindos de várias direções, sobre questões identitárias da memória local. Há muito tempo que a igreja matriz e algum do seu acervo escultórico – refiro-me às jazidas tumulares existentes no seu exterior - deveriam ter sido propostas de interesse público. Infelizmente nunca o foram ou nem o serão certamente!

Apesar de algumas questões de gramática arquitetural que o executivo vem agora defender e das quais somos concordantes, não será através da estratégia que delinearam com o convite à população para uma presença na assembleia de freguesia, pouco frequentada, que mobilizariam uma comunidade e assim contrariar a matriz do plano de pormenor entretanto gizado.

Urge uma aproximação mais solidária, mais democrática, mais autêntica e, quiçá menos pretensiosa e mais humilde.

Sacavém merece muito mais!…

 

   Augusto Moura Brito

      março 2013

publicado por sacavem-actual às 20:32

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