A praia fluvial de Loriga é hoje e decerto será durante o tempo que durará a votação para a escolha das “7 Maravilhas – Praias de Portugal”, a força e o leme de um desenvolvimento que se deseja, pretende, exige e achamos imperioso de elencar nas iniciativas complementares de valorização intrínseca da natureza da serra da estrela.
Todo o espaço natural que envolve a vila de Loriga, se apresenta envolto num manto rochoso granítico, secundado com uma tipicidade inigualável de socalcos de produção humana tão peculiares que, durante milénios, serviram de apoio e suportaram as primeiras iniciativas sócio económicas das comunidades autótones – a pastorícia e a agricultura de montanha.
A partir dos meados do século XIX, a indústria têxtil passaria a ser o principal eixo do seu desenvolvimento, quiçá, a sua principal estrutura económica em complementaridade com as atividades tradicionais. Contudo, com o encerramento das unidades de lanifícios, a partir do ocaso do 2º milénio e o início do 3º milénio, as populações locais - aqueles que não emigraram ou os que viram o seu regresso como um fato consumado – têm felizmente norteado as suas apostas, no turismo de montanha em compaginação com uma valorização dos recursos endógenos associados à natureza e ao ambiente.
Se no passado os recursos da região foram a fonte dinamizadora do sucesso, hoje vislumbramos a praia fluvial como o agente e a catapulta valorativa do futuro desta vila e das suas gentes.
Quando vemos os nossos autarcas, honrarem com orgulho as gentes, a memória e o imaginário loriguense, pensamos também numa alternativa que o compromisso loriguense deve e merece ter disponível no rol das terras cuja memória está associada a um legado histórico que lhe é singular e a ajuda a identificar e a caraterizar.
Falamos obviamente da instalação do museu dos lanifícios em Loriga.
Com este triunfo, é certamente já um triunfo, a dignidade, a humildade e a inteligência com que o presidente Filipe Camelo e a vereadora Cristina Sousa da câmara municipal de Seia representaram e apresentaram uma das mais belas e típicas praias fluviais de Portugal, desejávamos nós loriguenses que, consubstanciassem e materializassem de igual modo esse desígnio museal e museológico demasiado arreigado ao imaginário dos loriguenses.
LORIGA dignificará tal honraria como o tem materializado até hoje, ajudando a potenciar e a valorizar o município de Seia como o fez com este merecido registo da praia fluvial.
Estamos certos que o continuará a fazer com o futuro museu dos lanifícios.
Augusto Moura Brito
maio 2012